Procuro um amigo.
Capaz de ver nas pequenas flores a grandeza da vida,
No balanço das marolas e na grandeza das grandes ondas a leveza da água que banha a vida.
Procuro um amigo que saiba que certezas se esvaem em um soneto.
Procuro um amigo que no silêncio do encontro esteja inteiro sendo o que for, mas que tenha brilhos nos olhos a refletir sua alma sem explicações.
Procuro um amigo que entenda o que Fernando Pessoa disse tão claramente: “navegar é preciso, viver não é preciso”.
Procuro um amigo que se alegre com o sorriso da criança como um recado de Deus a mostrar que a “vida é boa e vai melhorar”.
Procuro um amigo que tenha compaixão por tudo e por todos.
Procuro um amigo que não faça orações pedintes, mas que ore com a alegria de compartilhar um mundo de paz que ainda há de vir.
Procuro um amigo para rir-se de seus ridículos conceitos.
Procuro um amigo que na chuva saiba banhar-se como se fosse chuva de estrelas.
Procuro um amigo que saia a caminhar comigo na cidade, no bosque, na montanha, no mar, em qualquer lugar e simplesmente banhar-se na contemplação e nada dizer.
Procuro um amigo que somente olhe em volta e sem palavras vá comigo, lavar os pratos de nossa comunhão.
Procuro um amigo só pela alegria saborosa de um sorvete ou de um café.
Alfredo Benatto – 15 de julho de 2021