"Nós somos o que fazemos. O que não se faz não existe. Portanto, só existimos nos dias em que fazemos. Nos dias em que não fazemos apenas duramos."
António Vieira ( 1608/1697)
quinta-feira, 26 de junho de 2014
quarta-feira, 11 de junho de 2014
segunda-feira, 9 de junho de 2014
Desabafo!
A melhoria das condições de vida no Brasil depende de cada indivíduo de nossa sociedade e não ao contrário como se fosse à sociedade que moldasse o indivíduo. Quem constrói o todo social é cada ser que nele vive com seus deveres e direitos, assim mesmo, deveres primeiro, direitos depois.
Alfredo Benatto
sexta-feira, 6 de junho de 2014
Os Amigos Nunca São para as Ocasiões
Os amigos nunca
são para as ocasiões. São para sempre. A ideia utilitária da amizade,
como entreajuda, pronto-socorro mútuo, troca de favores, depósito de
confiança, sociedade de desabafos, mete nojo. A amizade é puro prazer.
Não se pode contaminar com favores e ajudas, leia-se dívidas. Pede-se,
dá-se, recebe-se, esquece-se e não se fala mais nisso.
A decadência da amizade entre nós deve-se à instrumentalização que tem vindo a sofrer. Transformou-se numa espécie de maçonaria, uma central de cunhas, palavrinhas, cumplicidades e compadrios. É por isso que as amizades se fazem e desfazem como se fossem laços políticos ou comerciais. Se alguém «falta» ou «não corresponde», se não cumpre as obrigações contratuais, é logo condenado como «mau» amigo e sumariamente proscrito. Está tudo doido. Só uma miséria destas obriga a dizer o óbvio: os amigos são as pessoas de que nós gostamos e com quem estamos de vez em quando. Podemos nem sequer darmo-nos muito, ou bem, com elas. Ou gostar mais delas do que elas de nós. Não interessa. A amizade é um gosto egoísta, ou inevitabilidade, o caminho de um coração em roda-livre.
Os amigos têm de ser inúteis. Isto é, bastarem só por existir e, maravilhosamente, sobrarem-nos na alma só por quem e como são. O porquê, o onde e o quando não interessam. A amizade não tem ponto de partida, nem percurso, nem objectivo. É impossível lembrarmo-nos de como é que nos tornámos amigos de alguém ou pensarmos no futuro que vamos ter.
A glória da amizade é ser apenas presente. É por isso que dura para sempre; porque não contém expectativas nem planos nem ansiedade.
Miguel Esteves Cardoso, in 'Explicações de Português'
Miguel Esteves Cardoso
n. 25 Jul 1955 Crítico/Escritor/Jornalista
Portugal
Veja mais em: O CITADOR
A decadência da amizade entre nós deve-se à instrumentalização que tem vindo a sofrer. Transformou-se numa espécie de maçonaria, uma central de cunhas, palavrinhas, cumplicidades e compadrios. É por isso que as amizades se fazem e desfazem como se fossem laços políticos ou comerciais. Se alguém «falta» ou «não corresponde», se não cumpre as obrigações contratuais, é logo condenado como «mau» amigo e sumariamente proscrito. Está tudo doido. Só uma miséria destas obriga a dizer o óbvio: os amigos são as pessoas de que nós gostamos e com quem estamos de vez em quando. Podemos nem sequer darmo-nos muito, ou bem, com elas. Ou gostar mais delas do que elas de nós. Não interessa. A amizade é um gosto egoísta, ou inevitabilidade, o caminho de um coração em roda-livre.
Os amigos têm de ser inúteis. Isto é, bastarem só por existir e, maravilhosamente, sobrarem-nos na alma só por quem e como são. O porquê, o onde e o quando não interessam. A amizade não tem ponto de partida, nem percurso, nem objectivo. É impossível lembrarmo-nos de como é que nos tornámos amigos de alguém ou pensarmos no futuro que vamos ter.
A glória da amizade é ser apenas presente. É por isso que dura para sempre; porque não contém expectativas nem planos nem ansiedade.
Miguel Esteves Cardoso, in 'Explicações de Português'
Miguel Esteves Cardoso
n. 25 Jul 1955 Crítico/Escritor/Jornalista
Portugal
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